Anorexia e Bulímia
Espiritualidade

Anorexia e Bulímia


Durante três anos sofri de distúrbios alimentares. Num desses três anos, fui bulímica também. Tinha doze anos quando me comecei a preocupar com o corpo. Não era tão magrinha quanto as minhas colegas da escola, embora estivesse dentro do padrão normal. Com treze anos, em fase de crescimento acentuado, perdi algum peso, mas foi com catorze que comecei a fazer dieta. Ao inicio era uma dieta normal, comia de tudo um pouco mas em quantidades mais reduzidas do que antes fazia. Com o tempo, alcancei um peso de 60 kg mas parecia impossível perder mais, a balança estava bloqueada naquele número. Achei que precisava de alterar o meu comportamento alimentar se queria continuar a baixar os números, então fui restringindo cada vez mais a minha alimentação. Na fase mais crucial, comia apenas maçãs e cenouras, porque havia lido algures que eram alimentos de calorias negativas (isto é, o número de calorias gastas para digerir o alimento é superior ao número de calorias fornecidas pelo mesmo, causando assim um défice calórico). O peso descia, mas não era suficiente. A fome era muita. Por vezes surgiam ataques de voracidade, e devorava tudo o que havia na despensa; seguia-se o pânico e o sentimento de culpa. Sem conseguir lidar com essa situação, comecei a vomitar tudo o que ingeria. Era doloroso, era horrível, mas na minha cabeça era a única solução. Escondia tudo o que comia, fingia e inventava histórias para que ninguém percebesse o estado degradante em que me encontrava. Tinha batido no fundo. O frio era imenso, os dentes estavam fracos e as visitas ao dentista eram regulares. Andava devagar e correr era impossível, passava demasiado tempo a dormir e afastei-me de todos os meus contactos sociais, inclusive é a minha família. O peso oscilava, mas o peso mais baixo foi 50 kg com 1,68 m, o que me dava um IMC abaixo do normal. Nunca me achei gorda, não sei como entrei naquele quadro, mas pode acontecer a todos, acredito. Quando finalmente decidi que estava na altura de procurar a cura, frequentei consultas de medicina quântica, um núcleo especializado em distúrbios alimentares, psicólogos, nutricionistas, entre outros, mas consegui encontrar a solução na hipnopsicoterapia (sobre a qual tenciono escrever mais tarde). A minha vida começou a tomar um padrão mais normal. Não igual, porque eu havia mudado ao longo daqueles três anos, e a doença havia-me trazido mais maturidade e consciência. Aprendi quem são os meus amigos e aprendi a mediocridade do ser-humano, mas aprendi acima de tudo que a verdadeira beleza é a beleza interior. Sei hoje que não podemos julgar alguém pelo exterior à partida. Sei hoje que, sendo os meus piores anos, agradeço por eles, pois trouxeram-me algo que jamais alcançaria sozinha: amor à vida, gratidão e compressão.

Alerto todas as raparigas que não se sintam bem com o corpo, pois uma simples dieta pode tornar-se numa obsessão doentia e numa necessidade de controle. Alerto as pessoas com excesso de peso também, especialmente as que se encontram em dieta, para o facto de que devem sim procurar o equilíbrio e a saúde, mas sempre conscientes da pessoa que são interiormente, pois a integridade é um bem que não se deve perder juntamente com os kilos.



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