Espiritualidade

Desmistificando e reeducando o pensamento I: A falácia do valor irrecuperável

Olá leitores,

hoje quero alertar-vos para um padrão de pensamento que verifico ser tanto comum como tóxico para todos nós que estamos no caminho evolutivo e que queremos modificar as nossas vidas por forma a sermos seres livres e altamente espirituais. Assim, peço-lhe que faça uma pequena reflexão. O que proponho é que olhe para as frases abaixo e que reflita se se identifica com uma ou mais.

* «estou cansado/a da minha relação, mas já estamos juntos à tanto tempo...»

* «Não gosto do meu trabalho, porém já estou efetivo/a»

* «Não vejo qualquer futuro para o curso que estou a tirar, mas vou terminá-lo, afinal de contas já fiz 2 anos»
* «Já gastei 5 euros nestas raspadinhas. Venha mais uma a ver se é desta.»

* «Gostava de ser feliz, mas nunca fui, não é agora que vou ser»

* «Investi uma grande quantia de dinheiro num negócio que não está a resultar, mas não posso desistir pois já investi bastante»

Qualquer um dos pensamentos apresentados constituem um erro muito grande. Eles representam a falácia do valor irrecuperável, isto é, acreditamos que temos que manter situações que nos causam desagrado, uma vez que já investimos tempo, dinheiro ou seja o que for nelas. O que acontece na maior parte das vezes é que acabamos por perder mais do que o que já perdemos até ao momento. Se algo não está a funcionar, o melhor é mesmo arranjar uma solução e não arrastar o problema, pois isso cria bloqueios de grande ordem no nosso processo evolutivo. Estagnamos à espera que as coisas melhorem por si só e temos medo de desistir, porque 'talvez ainda possa funcionar'. A verdade é que muito provavelmente, se não funcionou até agora, não vai funcionar, e talvez até piore. Não há propósito algum em manter uma situação que não só nos é nefasta, como ainda nos bloqueia oportunidades.

Já me deparei com este tipo de pensamento por algumas vezes. Certa vez fui ao cinema com uma amiga e o filme era horrível. Ambas o detestámos. A dada altura, a minha amiga diz-me 'vam

os embora?', ao que eu respondo (advinhem) 'ooo, agora já gastámos o dinheiro, mais vale ficar e ver como acaba'. Resultado: não só perdemos o dinheiro como também tempo que poderíamos ter aproveitado a fazer algo que realmente valesse a pena. Numa outra situação, ao jantar, o meu pai diz 'ahhh maria, isto está mesmo mau'. Confesso que fiquei até chateada porque me levou uma eternidade a preparar tudo e nunca tinha feito aquele prato na vida. Respondi-lhe 'então não comas!!'. Qual não foi o meu espanto quando o ouço dizer 'olha, agora já comecei' e o pobre do homem lá comeu algo que não gostava, com uma cara de meter medo ao susto.

E isto tudo para vos dizer... Não sejam infelizes só porque já o são há muito tempo. Não perdemos nada ao decidir parar de perder. Na verdade ganhamos. E sim, podemos imaginar o que poderia ser, mas isso constitui uma outra falácia (da qual talvez escreva noutro dia), e é preferível pensar que abrimos portas para novas e fantásticas oportunidades.

Um grande abraço
e façam o favor, por favor, de ser felizes,
Maria.

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