O GUARDADOR DE REBANHOS
Espiritualidade

O GUARDADOR DE REBANHOS


texto português de Maria Peixoto e Célia Fonseca
Os aspectos biográficos da vida de Caeiro poderão contribuir para explicar a simplicidade que Caeiro, para si, reclama. Vendo-se como um simples "guardador de rebanhos", não admira que prefira a objectividade e a naturalidade próprias dos mais simples. Privilegia os orgãos dos sentidos, principalmente a visão e a audição, porque são estes que lhe permitem uma percepção exacta das coisas que existem na natureza e com ela e nele evoluem sem precisarem de uma explicação metafísica ou intelectual.
Para ele, só há a realidade, por isso o tempo não existe e, consequentemente, não faz referência ao passado, nem ao futuro, mesmo porque todos os instantes reflectem a unidade do próprio tempo.
O fato de se interessar apenas por aquilo que as sensações captam faz dele um sensacionista. Adere espontaneamente às coisas e identifica-se com elas, interrogando-se sobre o porquê de se procurar o mistério das coisas e afirmando não saber mais que o rio ou a árvore ("O mistério das coisas, onde está ele?/(...) Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?/ E eu, que não sou mais do que eles, que sei eu disso?"). Por isso vai recusar o pensamento e rir daqueles que pensam ("Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas, / Rio como um regato que soa a fresco numa pedra.").
Estas afirmações de Caeiro reforçam o carpe diem, filosofia de vida que adopta o fruir da realidade, de uma forma livre e despreocupada, não vendo nas coisas nenhum sentido oculto, reduzindo-as à percepção que delas tem, à sua forma, à sua cor e à sua concretez.
Diz-se contrário à filosofia e apologista dos sentidos ("Eu não tenho filosofia: tenho sentidos..."), mas a verdade é que cria a sua própria filosofia e um pensamento incomum, uma vez que, ao recusar o pensamento, teve de pensar nas razões que o levaram a fazê-lo.
De qualquer modo, após a leitura dos poemas de "O Guardador de Rebanhos", parece não restarem dúvidas quanto ao seu pendor simplista e reducionista, de forma a poder viver sem dor e envelhecer sem angústia, o que é confirmado pelo conjunto de processos estilísticos que emprega na sua poesia, realçando-se a abundância de substantivos concretos, a quase ausência de adjectivos (utiliza fundamentalmente os de teor cromático ou formal, isto é, sem valoração); recorre, ainda, ao presente do indicativo e à coordenação, excluindo as figuras do pensamento como a metáfora, a sinédoque, a hipérbole, a antítese, o que confirma também a sua tendência para a objectividade e para a redução. Em contrapartida, a poesia de Caeiro apresenta comparações e alguns paradoxos como forma de objectivar o próprio sujeito. A nível fónico, também não são visíveis recursos como as aliterações, assonâncias, ou onomatopeias, dado que a palavra, em Caeiro, praticamente se anula em favor do seu referente, fato que também pode ser explicado pelo versibilismo que este adopta, indiciando a lógica subjacente à poesia deste heterónimo pessoano e que assenta na crença na singularidade das coisas, mas que marca uma ruptura com os sistemas literários ainda vigentes.
Em conclusão, parece oportuno referir que a criação deste heterónimo terá permitido ao ortónimo libertar-se, quanto mais não fosse momentaneamente, da "dor de pensar" que sempre o atormentou, e com ela aprender a viver a vida de uma forma simples e espontânea, justificando-se, deste modo, a designação de Mestre.



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