A SOLIDÃO DE UMA POETA

Quando a noite se faz presente em minha vida, trazendo a sombra como inspiração, o silencio como opção e a solidão como imposição, contemplo a saudade, o desencanto e me perco no correr das horas.
Cada minuto, Cada segundo me é precioso, pois gostaria que não existissem para poder ter mais tempo.
Estando frágil pela dor, fico forte para escrever e ser alguém que eu não sabia que poderia ser.
Com um sonoro sopro de inspiração, conto as minhas mágoas e descrevo as minhas decepções.
Como carrego no peito a esperança e a tristeza, unidas num só sentimento, posso me dividir em dor e paixão.
Numa sensação única, entrego-me aos momentos que me fizeram entender o vazio.
As palavras que uso em minhas poesias, jazem no meu peito, percorrem as minhas veias e chegam em meus dedos, transformando o meu sentimento em doces palavras.
Refletem o meu pensamento em simples versos e em tristes rimas.
As alamedas da minha memória se tornam um labirinto cruel e sem saída.
As estrofes ficam cada vez mais carregadas de sentimentos, cada vez mais repletas de emoção.
Passam uma ausência de concordância, uma confusão de fatos e momentos, uma desilusão.

Com o renascer do dia, a inspiração se fixa em lembranças da noite, da partida, da perda.
O sol não brilha, machuca os olhos, fere o coração.
A luz me confunde, me deixa com saudade da noite, da madrugada.
Os meus olhos cansados repousam num par de olheiras aprofundadas pela melancolia.
Começo a crer que o destino me isolou da sociedade para me punir de meus pecados ou para aprimorar a minha reflexão. Acho também que o isolamento me traz as frases como sonho ou pesadelos.
Fico pensativa e com muitas perguntas sem respostas, com muitos versos sem rima e penso:
O segredo da esperança está na aceitação de determinados momentos de angustia e de inquietação.
Mas como devo agir se tenho várias almas e muitos “eus” ?
O prazer de estar só, confunde-se com a sensação de não ter ninguém.
A musica que ouço, se torna triste, saudosa, mesmo aquela mais alegre, soa solidão.
Os meus olhos vermelhos, já não conseguem chorar, apenas marejam e fixam no nada.
O meu espírito, cansado de buscar, espera por um momento de união, aqueles que não terminam mais.
As minhas vontades se fazem presentes, os meu desejos se fixam em minha mente e a minha alma chora de paixão.
As vezes me encontro tão triste, tão fora da realidade e com sentimentos tão intensos, que nem consigo expressar o que sinto em poesia.
Extrapolo a dosagem de criação, esqueço o bom senso e só consigo pensar em traição.
Porque existe a partida, porque inventaram a palavra “adeus”, porque ?
Porque o colorido da emoção se confunde com o acinzentado da tristeza, porque ?

E terminando essa minha odisséia, concluo que se não fosse o desespero, a desilusão e a solidão, jamais teria inspiração para escrever as minhas cartas de amor, as minhas poesias e descrever os meus sentimentos ( mesmo tendo vinte e poucos anos ).
Jamais poderia me traduzir em palavras, nunca saberia que era tão lírica, tão romântica.
E nunca saberia que poderia amar assim, como eu amei !

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