INSIGHT
Espiritualidade

INSIGHT


Texto baseado na inspiração e sugestão involuntária de Talita Silveira

A capacidade de entender verdades escondidas, especialmente de caráter ou situação, portando um sentido igual a "discernimento" ou "a capacidade para discernir a verdadeira natureza de uma situação, o ato ou o resultado de alcançar a íntima ou oculta natureza das coisas ou de perceber de uma maneira intuitiva.

Insight é uma idéia simples, mas que ao mesmo tempo, é brilhante, e estava o tempo todo à sua disposição, só que você não percebia! E de repente, ela surge como se viesse do nada! É como se fosse um estalo, aí tudo fica claro! Uma criança sendo alfabetizada, o momento no qual ela começa a entender como formar uma palavra, e logo a seguir, uma frase, e depois um texto, são fases de um insight! Pois, ela dorme aparentemente sem o conhecimento, e amanhece com ele, ou seja, ele sempre esteve dentro do seu cérebro!
Se algum dia, você leu um gibi do Tio Patinhas, deve se lembrar bem do Dr. Pardal, um inventor que vivia tendo insights, que era demonstrado através de uma lâmpada que aparecia em sua cabeça!

Insight é um termo que começou a ser utilizado, na Psiquiatria Geral, desde o início do século XX, para indicar o conhecimento, pelo paciente, de que os sintomas de sua doença são anormalidades ou fenômenos mórbidos. Insight é considerado sinônimo de intuição. A palavra intuição também tem, na sua raiz, a presença do sentido da vista, pois vem do latim intuito, que significa olhar. É definida como um modo de conhecimento imediato, apreensão direta, sobre o modelo da visão, da realidade das coisas ou da verdade dos conceitos, por oposição ao conhecimento discursivo ou o raciocínio. É "uma apreensão imediata pela mente sem raciocínio". “Na intuição, trata-se de uma visão direta e imediata de um objeto de pensamento atualmente presente ao espírito e apreendido na sua realidade individual, todo o conhecimento dado de uma vez e sem conceitos ou ainda, conhecimento sui-generis, comparável ao instinto e ao senso artístico, que nos revela aquilo que os seres são em si próprios, por oposição ao conhecimento discursivo e analítico que no-los faz conhecer do exterior".

A idéia de que o sono estimulava o pensamento criativo era considerada uma anedota popular principalmente devido ao relato de alguns grandes cientistas e artistas que disseram ter tido seus “insights” ou inspirações durante ou após uma boa noite de sono. Mas, um grupo de cientistas alemães descreve uma série de experiências criadas e realizadas por eles, que demonstram os efeitos positivos do sono no aumento daquilo que chamamos de “insight”, isto é, da percepção consciente repentina de leis ou regras não conhecidas previamente. Enfatizamos que tais experimentos não apontam as causas do aumento na criatividade ou no nível de “insight”. Eles apenas mostram a correlação entre dormir e ter “insights”.

No experimento dos cientistas alemães, os participantes tinham que realizar um tipo de tarefa mental onde a partir de um determinado grupo de números, eles tinham que obter corretamente, outra sequência de números utilizando regras pré-estabelecidas. A resposta final para a tarefa ou teste é o último número da sequência que eles tinham que descobrir. Uma das formas de se atingir esse objetivo final era seguir-se as regras do teste, número por número, até o final. Também era permitido aos participantes apresentarem a resposta final a qualquer momento. O que os participantes não sabiam, era que os pesquisadores sempre apresentavam sequências iniciais tais que após a obtenção do terceiro número da nova sequência, usando as regras normais do teste, este sempre correspondia ao último número e, portanto, à resposta desejada.
O teste, desta forma, podia verificar quando o participante tinha o “insight” de perceber que o terceiro número era a resposta exigida.

Insight, significa literalmente visão interna. Ou seja, diz respeito ao sentido da visão. Na psicologia da Gestalt, desde os experimentos de Wertheimer, em 1910, sobre o movimento aparente, a visão é o sentido privilegiado.
A psicologia da Gestalt foi fundada sobre o sentido da vista. De tal maneira que, na opinião de Koestler (1949), as conclusões derivadas das hipóteses
obtidas do estudo da visão seriam mesmo “aplicadas indiscriminadamente a outros processos que o visual”.
Entretanto, como ressalta Celes (1997), a vista não é o sentido privilegiado
na psicanálise. Nesta, o que é buscado é que o sujeito fale e escute. O objetivo é fazer falar e fazer ouvir. Ou melhor, é “fazer ouvir o que se fala” (p. 25). Na psicanálise, o sentido privilegiado é o da audição, concentrado pela atenção no ato da escuta.
A introdução do divã marca a passagem da observação médica para a escuta analítica. Como coloca Celes (1997), “o divã é o lugar onde não se dá a ‘ver’, foi instituído para propriamente não ‘ver’ nada”. A imagem, tal como a onírica, a lembrança encobridora e a alucinação, só dizem algo se for traduzida, ou melhor, transformada, em palavras. Uma imagem diz mais que mil palavras ¾ mas só se houver palavras para esse dizer. Sobre esta questão, Celes (1997) aponta que: “mesmo quando são imagens, o que ocorre, não se trata de um convite a observá-las, mas de descrevê-las, em todos os detalhes, isto é, trata-se de falar” Isso se dá também do lado do analista, pois uma imagem construída no analista pelas palavras do analisando, também precisa ser colocada em palavras. Pois o objetivo psicanalítico de tornar pré-consciente uma “coisa” inconsciente, é alcançado vinculando-a “às representações verbais que lhe são correspondentes”24 (Freud, 1923b, p. 33).

Freud considera que é possível o pensamento com imagens, mas é um modo mais primitivo de pensar:

Não devemos deixar-nos levar, talvez visando à simplificação, a esquecer a importância dos resíduos mnêmicos ópticos, quando o são de coisas, ou a negar que seja possível os processos de pensamento tornarem-se conscientes, mediante uma reversão a resíduos visuais, e que, em muitas pessoas, este parece ser o método favorito. O estudo dos sonhos e das fantasias pré-conscientes, como se demonstra nas observações de Varendonck, pode dar-nos uma idéia do caráter especial deste pensar visual. Aprendemos que o que nele se torna consciente é, via de regra, apenas o tema geral concreto do pensamento, e que as revelações entre os diversos elementos desse tema geral, que é o que caracteriza especialmente os pensamentos, não podem receber expressão visual. Pensar em figuras, portanto, é apenas uma forma muito incompleta de
tornar-se consciente. [grifo nosso] De certa maneira, também, ela se situa mais perto dos processos inconscientes do que o pensar em palavras, sendo inquestionavelmente mais antiga que o último, tanto ontogenética quanto filogeneticamente (Freud, 1923b, p. 34).

Portanto, consideramos que o uso do termo insight, em função dessas significações que ele porta e indica, não representa adequadamente o que ocorre em uma psicanálise. Podendo inclusive (des)encaminhar à pratica de uma análise intuitiva, onde é concedida prevalência às imagens e sentimentos que ocorrem no analista, a chamada contratransferência, em detrimento da palavra do analisando.
Uma psicanálise fundamentada na adivinhação.26 A análise, tornando-se um processo misterioso, dependendo de um sexto sentido, tendo no insight, como vimos colocar Erikson (1964), “uma forma de discernimento difícil de definir e mais difícil de defender”.
Pensamos que é possível essa modalidade de conhecimento ¾ o intuitivo.
Entretanto, consideramos se tratar de algo diverso do que a psicanálise propõe.
Pois o conhecimento intuitivo nos parece mais próximo daquele das práticas divinatórias, tais como a das pítias no oráculo do templo de Apolo, em Delfos, onde é requerido realmente o sexto sentido da intuição.
Freud diz em uma carta a Jung que se considera um intuitivo. Mas um intuitivo disciplinado: “percebo que não fui talhado para a investigação indutiva, que a minha natureza é toda intuitiva e que, ao dispor-me a estabelecer a ciência puramente empírica da psicanálise, submeti-me a uma extraordinária disciplina” (McGuire, 1976 [1974], p. 536). 2727 Carta de 11/12/1911.
Para finalizar, pensamos que o que se passa em uma psicanálise, está mais próximo da convicção a que se chega na resolução de um jogo de palavras-cruzadas, que do insight de uma Gestalt, ou da súbita iluminação mística.



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