Espiritualidade
MEDOS
Qual de nós já não enfrentou alguma situação de perigo ou algum temor horrível, que nos tirou do prumo ou que nos deixou apavorados por um bom tempo ?
Qual ser vivo já não enfrentou situações que necessitavam de raciocínio imediato e de atitudes precisas ?
Muitos, sabemos !
De uma maneira ou de outra, todos os medos que sentimos, do medo do escuro ao medo de morrer, podem-se reduzir a um só medo, o "medo do perigo que não sabemos evitar": sentimos medo (consciente ou inconscientemente) perante um perigo (real ou imaginário) que não podemos evitar (por ser desconhecido, imprevisível ou estar além da nossa capacidade de controle).
Normalmente não se sente medo de algo que seja perfeitamente evitável (controlável: conhecido e previsível)... por muito perigoso que à partida seja.
Na realidade o medo aumenta com a intensidade do perigo e diminui com a nossa capacidade de o evitar. Ex.: Um ser humano comum tem medo de entrar numa floresta habitada por felinos perigosos. No entanto, se o armarem e lhe ensinarem a evitar esses felinos, então é claro que esse medo diminui bastante.
Já Tito Lívio disse que “tememos as coisas na medida em que as não conhecemos”. De fato, a partir do momento em que passamos a conhecer as coisas, abrem-se-nos as portas para as controlarmos: a partir do momento em que os homens primitivos aprenderam a controlar o fogo, não só lhe perderam o medo como passaram ainda a aproveitar-se dele para uma infinidade de fins práticos.
Todos os animais suficientemente inteligentes são capazes de sentir medo: trata-se de uma ferramenta utilíssima com que a mãe natureza nos dotou e que nos impede de corrermos riscos desnecessários. O seu funcionamento básico é o seguinte: perante uma qualquer circunstância que não sabemos controlar e que nos inspira perigo o mecanismo do medo é ativado e, mediante uma resposta fisiológica e psicológica concertada, tornamo-nos muito mais vigilantes, precavidos, receosos e prontos a fugir, evitando assim correr riscos desnecessários.
Não existe vida sem risco. O risco é efetivamente uma das características básicas da vida, pelo que não existe segurança absoluta. A única coisa que podemos fazer na vida é minimizar o risco, nunca eliminá-lo por completo. De todas as formas, a morte espreita-nos a cada esquina... é a única coisa certa da vida!
De todas as formas, mais arriscado do que correr riscos calculados é não correr riscos de todo, pois isso implica que vivamos a vida sem a viver.
Tanto medo temos de correr riscos que passamos a não querer correr os que advêm das nossas próprias decisões... daí a começarmos a evitar tomar decisões (procrastinando) vai um passo, mais um passo e passamos até a desejar que "alguém mais capacitado" as tome por nós, que "alguém" assuma a responsabilidade por nós: podemos até, em casos extremos, ser tentados a encontrar refúgio numa seita que decida tudo por nós... no limite a "busca da segurança pela segurança" torna-se a "busca do escape pelo escape".
O nosso meio ambiente, a cada dia que passa, torna-se mais e mais complexo (complicado, desconhecido, imprevisível, fora do nosso controle) pelo que comporta cada vez mais "perigos que não podemos evitar" criando "medos concretos". Através do processo associação de medos, quantos mais "medos concretos" tivermos mais é possível que estes originem "medos imaginados" por associação... e mais é possível que estes "medos imaginados" originem por sua vez mais "medos imaginados", etc... Para além disso, a nossa mente "à deriva" tem tendência a inventar mais medos, que se vão juntar aos atrás descritos.
Este ciclo vicioso em que os medos se vão acumulando mais depressa do que vão sendo solucionados dá origem ao medo mais comum nos dias de hoje: a ansiedade.
Mas haverá alguma razão lógica para carregarmos às nossas costas a cruz (tão imensamente pesada) que são todos esses medos? medos que nos impedem de ser felizes vivendo de forma plena as coisas verdadeiramente importantes da nossa vida? medos que nos obrigam a fazer o que não queremos durante toda a vida? medos que nos tornam eternamente insatisfeitos? medos que nos tornam tão infelizes?
A maior parte de nós vive com medo da morte. Será esse medo lógico? Marcial disse: “ o dia derradeiro, não o temas nem o desejes”.
Como vimos, o risco calculado faz parte da vida, tal como a morte. Tudo muda e não acompanharmos a mudança significa tornarmo-nos em “mortos vivos”.
Só um ser humano lúcido é capaz de entender que é melhor agir perante a mudança inevitável do nosso meio ambiente de forma a aproveitá-la o melhor possível a nosso favor, mesmo que tenhamos que assumir um risco calculado de falharmos na interpretação dessa mudança.
Um ser humano mais perturbado prefere ser vítima da inevitabilidade da mudança a correr o risco de falhar... no fundo prefere alguma coisa que é inevitável que corra mal a outra que só tem uma probabilidade de correr mal! Esta não é uma atitude muito inteligente aos olhos de ninguém... infelizmente há muitas pessoas que não conseguem superar o medo (de falhar).
Para superarmos o medo necessitamos pois de, acima de tudo, autoconfiança e força mental. Ninguém que tenha confiança em si mesmo e força tem medo da opinião dos outros nem tem medo da sua própria impressão sobre si mesmo. De fato, a sua auto-estima só sofreria realmente se não tivesse dado o seu melhor (independente de ter falhado ou não) e tentado ao máximo ultrapassar um problema inevitável.
Cumpre-nos decidir:
1) Ou colocamos os nossos medos de lado e enfrentamos os nossos problemas da melhor maneira que soubermos e pudermos antes que seja demasiado tarde, de forma a podermos tomar as rédeas da nossa vida, vivendo-a de verdade
2) Ou mantemo-nos fieis aos nossos medos, evitamos os problemas até que eles venham ter conosco com uma força tal que já nada possamos fazer, tentando até ao último momento que alguém tome conta de nós, de forma a podermos continuar a viver a nossa vida sem termos que pensar (por “procuração”, através da televisão e afins).
A escolha é só nossa...
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