INTROSPECÇÃO
Espiritualidade

INTROSPECÇÃO


Sinto açucaradamente o vento glacial que me ruboriza a pele desnuda, enquanto no pico da falésia procuro, na imensidão da profundidade oceânica, a serenidade anunciada pelos arcaicos profetas das ideias.
Não existem quimeras perdidas no melancólico vazio, petrificadas reminiscências envoltas em lama negra e pútrida, momentos de êxtase enterrados no cinzento betão do passado… existem apenas doces sonhos, lilases recordações e vividas oportunidades que cunham forte na memória com cinzelos fulvos e grenás as experiências que fazem do presente a idílica oportunidade da fluorescência eterna.
Que se levantem os imortais por entre as folhas caídas do Outono, que do alto do Olimpo sejam cuspidos os trovões que incendeiam as florestas ressequidas e despidas de vida, que a catarse cantada rejubile na alegria do calor dos corpos e a tranquilidade onírica da felicidade reinventada e reconquistada me encante como da primeira vez!
das teias de tua existência, submerge o escapulário que sustenta a tua fé !
...e o epigrama continua,
E quando me roubas os musicais e traquinas assobios com os teus cálidos e encarnados lábios de paixão?
E quando sussurras baixinho ao meu ouvido as desconcertadas e líticas palavras que são como chamas macias e leves no fogo néscio do amor?
E quando a tua cabeça encontra o meu peito numa detonação de alacridade cósmica?
E quando os nossos olhos se encontram, o teu castanho e o meu também, se misturam como gotas de água salgada sob o olhar do Sol?
Ah…! Será por tudo isto que sorrimos?



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